Jô Soares se foi. Se curvou em agradecimento à plateia, deu o seu derradeiro beijo do gordo e se retirou para trás das cortinas pela última vez.
Foi um homem de muitas facetas, muitos talentos e muitas histórias, quase um homem renascentista em meio à modernidade. Viajou muito, conheceu muita coisa, e aprendeu várias línguas. Até pensou em ser diplomata, mas a sua genialidade artística logo o levou inevitavelmente ao mundo do entretenimento.
Não há dúvidas de que as muitas viagens e imersões de Jô nas mais diversas culturas tiveram um impacto profundo no que o artista viria a se tornar. Filho de pai paraibano, nasceu no Rio de Janeiro e foi estudar na Suíça. Rodou o mundo inteiro, fez fama em outros países de língua lusófona e terminou sua vida em São Paulo.
Tantos lugares diferentes e tantas experiências vividas em meio a um caldo cultural denso contribuíram para formar uma das mentes mais efervescentes de sua geração. Se viajar e ampliar horizontes aumenta a plasticidade do cérebro e alimenta a capacidade de se reinventar, Jô Soares era a prova viva disso. Foi capaz de fazer de tudo um pouco, sempre com a excelência que lhe era característica.
Jô, além do enorme legado artístico que ficará marcado na eternidade por meio de suas obras, também nos deixou a importante lição da necessidade de se conhecer o mundo e de se expor a novos ambientes para se tornar alguém mais culto, humano, e tolerante.
Se viajar é viver, podemos dizer que Jô Soares viveu. Até o fim.